A ocupação do ilhéu da Ínsua, ao largo da barra da vila de Caminha, começou por ser feita por uma comunidade franciscana, de Frades Menores, que aí edificaram um cenóbio em 1392, dirigidos por frei Diogo Arias. O primeiro forte do ilhéu terá sido edificado na mesma época, por ordem de D. João I, mas nada subsiste desta primeira fortificação. No ano de 1471 foram feitas obras de remodelação no convento, com a construção de novas celas e melhoramentos na capela.
Quando D. Manuel fez a peregrinação a Santiago de Compostela em 1502, visitou o convento da Ínsua, tendo ordenado a execução de novas obras de remodelação. Nos últimos anos do século XVI foram executadas obras que permitiram aumentar a eficácia artilheira da fortaleza, na época muito necessária para fazer face aos ataques dos corsários ingleses e franceses. No entanto só no reinado de D. João IV, quando foi levada a cabo uma grande reforma das fortalezas costeiras do território nacional, o Forte da Ínsua foi remodelado de acordo com as necessidades de defesa da fronteira do Minho, persistindo a sua forma até hoje.
Executada entre 1649 e 1652, sob as ordens do Governador de Armas do Minho, D. Diogo de Lima, o forte apresenta planta estrelada irregular, com cinco baluartes e revelim, integrando no seu interior o convento, que foi ampliado em 1676. Nos cunhais dos quatro principais baluartes foram edificadas guaritas facetadas com cobertura em calote esférica, e num dos panos da muralha foi edificado balcão rectangular sobre mísulas, com cobertura semelhante. A meio do pano da muralha foi aberto o portal principal, em arco pleno, inserido em estrutura rectangular em ressalto, sobre a qual assenta frontão triangular, cujo tímpano é decorado por três brasões com as armas de Portugal e do Governador. À direita foi inserida lápide com inscrição alusiva à edificação da fortaleza.
A praça de armas é dividida em duas áreas, correspondendo a primeira a uma ampla plataforma lajeada, onde foram edificados os quartéis, depósito e cozinha. No restante espaço foi incorporado o convento franciscano, de estrutura sóbria e austera, de modelo chão, cujo conjunto é formado pela igreja, de planta longitudinal composta por nave única coberta por abóbada de berço e sacristia, e pelo claustro, de planta quadrangular, com alas compostas por colunatas jónicas. As restantes dependências conventuais estão actualmente muito arruinadas.
Ao longo do século XVIII o forte e o convento voltariam a ser restaurados diversas vezes; em 1717 D. João V fazia uma doação para a reedificação da igreja, nomeadamente da abóbada, e em 1767 eram construídas novas celas, a sala do capítulo e um retábulo. Entre 1793 e 1795 os frades abandonaram o convento para se proceder a obras de reparação; voltaram alguns anos depois.
Durante as Invasões Francesas o espaço foi ocupado por tropas espanholas e francesas. Com a extinção das ordens religiosas em 1834 o forte foi abandonado pela comunidade religiosa, ficando exclusivamente ocupado pelo Exército. O último governador da fortaleza foi nomeado em 1909.
A particularidade do Forte da Ínsua reside no facto de ter sido implantado num ilhéu, integrando no espaço intramuros um convento que já existia anteriormente, formando um conjunto singular. É de destacar também o poço de água doce situado no mar, um dos três únicos existentes no mundo.
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