D. Dinis passou foral à povoação. Um ano depois, o monarca leonês assinou a passagem de Vilar Maior, e de outras vilas de Riba-Côa, para a coroa portuguesa. Foi a partir dessa data que se deu início à derradeira fase construtiva da estrutura militar, com actualização de dispositivos e renovação de alguns elementos.
O recinto tem a forma oval muito bem definida, e encontra-se protegido pela gigantesca torre de menagem quadrangular que apoia a defesa da porta principal. Do lado oposto da cerca, localiza-se uma segunda porta, de arco apontado e com vestígios de ter sido sobrepujada por alpendre ou sistema de madeira para apoio do adarve. Este tem acesso por escadarias longitudinais, em vários pontos da cerca, o que permitia uma rápida movimentação de tropas no interior do circuito.
Neste sistema, a torre de menagem desempenha uma activa função de defesa, projectando-se para o exterior da cerca, o que permite uma maior abrangência de tiro sobre a cerca e, no caso particular, sobre a porta principal. É de três andares, sendo o térreo cego e sem acesso directo. A entrada faz-se pelo interior da muralha, ao nível do adarve, por meio de porta sobrelevada de arco apontado. Neste andar, assim como no registo superior, os alçados voltados ao exterior integram apertadas frestas, faltando já o coroamento, que poderia apresentar outros dispositivos de defesa, como um terraço ameado. O seu aspecto compacto e maciço disfarça as escassas aberturas, mas reforça a monumentalidade e inexpugnabilidade do conjunto, cujo impacto cenográfico não poderia deixar de impressionar, numa paisagem pouco humanizada e certamente destituída de pontos de referência desta amplitude. O estatuto da torre como obra de propaganda por parte dos novos poderes é reforçado pela presença do brasão real português, colocado "ostensivamente na face principal da Torre".
Pacificado o território, Vilar Maior decaiu de importância e começaram a sentir-se dificuldades de povoamento. Em 1440, numa época de clara litoralização do reino, a localidade albergou um couto de homiziados, numa clara tendência para inverter a desertificação. Em 1510, D. Manuel concedeu-lhe novo foral, mas não mais a povoação voltaria a ter a importância de outrora. Ponto de passagem durante as invasões francesas de inícios do século XIX, consta que foi incendiado e pilhado. Na actualidade, aguarda pela definição de um projecto de valorização, que terá, obviamente, de passar por uma prévia investigação arqueológica.
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