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sábado, 13 de dezembro de 2008

Castelo de Soure - Coimbra

 Soure - Lídia Fernanda Mendes de Figueiredo - 13-11-06 - IPPAR

Não estão esclarecidas as fases de ocupação do castelo de Soure, em particular as que coincidem com o início da estrutura militar. As referências documentais surgem apenas no século XI, na segunda vaga de povoamento cristão da zona, mas a existência de um aximez, reaproveitado como lintel de porta numa das torres, aponta para uma fase anterior, eventualmente a rondar os séculos IX-X, quando se sabe ter a região de Coimbra entrado na esfera asturiano-leonesa. O mais provável é que o aximez fosse originalmente um frontal de altar, o que remete para um conteúdo religioso e não militar, mas que atesta, em todo o caso, a vitalidade da povoação antes do século XI.

Em 1043, o presbítero João e seus irmãos doaram um primitivo mosteiro que possuíam no local (de onde terá vindo o aximez?) ao Mosteiro da Vacariça e, poucos anos depois, D. Sesnando, governador de Coimbra, terá patrocinado a construção do castelo. Ainda hoje se conservam trechos da obra sesnandina (como as janelas duplas que pontuam a fachada Sul), à semelhança do que aconteceu com outras estruturas militares da região em que a obra do grande chefe moçárabe da cidade do Mondego se encontra testemunhada.

No século XII, a vila recebeu foral dos condes portucalenses, mas a sua posição de fronteira determinou que, em 1116, perante a ameaça de conquista muçulmana, os próprios habitantes a tenham incendiado e presumivelmente fugido para Coimbra, ou para outro castelo próximo que os defendesse. Na década de 20 inaugurou-se uma nova página na história de Soure, com a doação de D. Teresa à Ordem do Templo, confirmada em 1129 por D. Afonso Henriques. Atribui-se aos templários a reformulação (actualização) do conjunto de origem altimedieval, que passou a integrar a linha defensiva meridional de Coimbra, ao tempo a capital do reino.

É um castelo de planta irregular, ainda escassamente estudado, que tem a particularidade de se implantar numa zona plana e ribeirinha e não no alto de um monte dominante. Parece ser uma estrutura que tinha como função defender uma realidade anexa (ou o curso do rio, ou o mosteiro referido no século XI) e que, só posteriormente, adquiriu um conteúdo militar mais vasto.

Na Baixa Idade Média, o conjunto foi objecto de uma reforma, de que pode datar a secção superior da torre que ainda se conserva. Infelizmente, o castelo passou também por um processo de desmantelamento, verificado no século XIX. Em 1834, pouco depois de extintas as ordens religiosas, duas torres foram vendidas ao Conde de Verride e, em 1880, os moradores dinamitaram a torre Sudoeste, por ela ameaçar ruir.


Texto: PAF / IPPAR

OUTROS LINKS:

  • Inventário do Património Arquitectónico (DGEMN)
  • Instituto Português de Arqueologia
  • Castelo de Soure (Pesquisa de Património / IPPAR)
  • Castelo de Soure (Guia da Cidade)
  • Castelo de Soure (pt.wikipedia)
  • Castelo de Soure (Fotos - IPPAR)

     

     

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