Da primitiva torre pertencente ao conjunto defensivo de Alpram, chegou até aos nossos dias apenas a antiga torre do relógio do senado da Câmara, ou seja, a Torre das Cabaças ou do Relógio.
Construída em propriedade real e doada ao Concelho e situada junto a S. João de Alporão, esta estrutura é coroada por uma armação de barras de ferro para apoio das vasilhas de barro (cabaças) que lhe dão o nome, e que a memória popular considera significarem as "cabeças ocas" dos vereadores que decidiram erguer tão pouco apelativo maciço fortificado. Contudo, a sua aparente fealdade decorrerá, sobretudo, das sucessivas alterações a que foram sujeitas as muralhas e corpos adjacentes localizados na sua base, concedendo, no seu conjunto, uma determinada visão de desequilíbrio volumétrico.
Apesar de alguma tradição historiográfica apontar o reinado de D. Manuel I para a sua primitiva fábrica, acredita-se que a relação constatada entre os vestígios de muralhas situados a norte e o facto de apresentar sinais de aparelhos diferentes acima da construção inicial serão indicadores da sua construção anterior. Tal facto não invalida, no entanto, que a Torre tenha sido sujeita a obras durante os reinados de D. Manuel ou de D. João III, sendo certo que as teve na época de Filipe II de Portugal (1604).
Basicamente, trata-se de uma Torre de Relógio quinhentista, de secção quadrangular, no cimo da qual, junto às oito ventanas - donde saem as goteiras ou gárgulas de tipo canhão -, encontrava-se outrora um relógio solar circular, datado de 1596. Para além disso, encontra-se rematada por uma estrutura metálica com oito púcaros de barro em forma de cabaça e que servem de caixa de ressonância ao sino do relógio. Entretanto, as inovações introduzidas pelo isocronismo do pêndulo só foram aplicadas durante os sécs. XVIII e XIX.
A importância assumida pela sua funcionalidade junto da população local alcançou o seu apogeu quando, em 1896, uma Comissão Técnica nomeada pela Câmara propôs a sua demolição, o que originou uma vasta onda de indignação popular a favor da sua preservação. Opinião pública esta, que acabaria por conduzir à classificação deste imóvel como "Monumento Nacional" em 1928.
Desde as intervenções de conservação e restauro conduzidas pela DGEMN, entre os anos 30 e 50, que a Torre foi preparada para albergar um núcleo museológico - do Tempo. Este novo espaço contempla, simultaneamente, a sua conservação e refuncionalização.
Outros Links:
Sem comentários:
Enviar um comentário