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quinta-feira, 23 de abril de 2009

Castelo de Palmela - Setúbal

 Castelo de Palmela - Foto Jorge Cascalho

O conhecimento que, na actualidade, possuímos a respeito do castelo de Palmela (graças a quase década e meia de intervenções arqueológicas) é muito diferente do que há alguns anos fazia história. Sede da Ordem de Santiago na Baixa Idade Média, e ponto fundamental na história militar do reino de Portugal, sabe-se, hoje, que a sua relevância no contexto regional é bem mais antiga, recuando ao período romano. A partir desse momento fundacional, testemunhado por espólio cerâmico, não mais parece ter havido interrupção de povoamento. No período visigótico, voltamos a encontrar elementos cerâmicos de transição (com paralelos em outros pontos da península) e dois capitéis que, apesar de resgatados em contextos islâmicos dos séculos IX-X, é de admitir que possam pertencer aos séculos de domínio visigótico ou, em alternativa, a comunidades moçárabes, facto que, a confirmar-se, viria trazer novos dados sobre a permanência cristã no local até cronologias muito tardias, eventualmente em ligação com o próprio poder emiral.


A época islâmica encontra-se, hoje, sobejamente documentada. Nas chamadas galerias (sector nascente), apesar das escassas dimensões das salas, foi possível confirmar "uma intensa continuidade ocupacional do sítio durante todo o período da presença islâmica", reveladora de múltiplas remodelações num espaço habitacional ligado à muralha Norte do recinto. Os testemunhos mais antigos pertencem aos séculos VIII/IX, o que demonstra a importância do castelo logo na primeira fase de domínio islâmico na península.


Apesar do imenso espólio cerâmico resgatado, e de outros materiais provenientes de construções, a evolução do espaço fortificado é ainda motivo de debate. De acordo com as conclusões de Isabel Cristina Fernandes, que temos vindo a seguir, a primitiva estrutura militar islâmica situava-se na secção nascente do actual castelo, adaptando-se às condicionantes do terreno e desenvolvendo-se em planta rectangular ligeiramente em semi-círculo, tendo o acesso pelo lado ocidental. Numa segunda fase, que se pode considerar entre os séculos X e XII, o espaço fortificado ampliou-se extraordinariamente, passando a abranger o núcleo central e ocidental do actual castelo. Datará desse período a construção do poço-cisterna (posteriormente integrado na igreja de Santa Maria), e da porta em cotovelo do lado Norte, ainda hoje a entrada principal no recinto.


Em 1147, Palmela passou a ser controlada pelas forças cristãs. No entanto, até à conquista definitiva de Alcácer do Sal, já no século XIII, a região (e em particular o curso do rio Sado) esteve sujeita aos ataques islâmicos. Alguns estratos arqueológicos do século XII revelam níveis de destruição que "deverão corresponder ao (...) arrasamento do castelo por Ya'qub al-Mansur em 1191. Em 1186, o castelo havia sido doado à Ordem de Santiago, que terá sido o primeiro estabelecimento dos freires, antes de estabelecerem sede em Santos-o-Velho, na cidade de Lisboa.


Ao longo da Baixa Idade Média, o conjunto teve várias obras, entre as quais se contam a reconstrução / reformulação santiaguista (provavelmente na viragem para o século XIII), em que se incluirão algumas torres.

Posteriormente, provavelmente em época dionisina, ter-se-á construído a torre de menagem, vincadamente gótica e protegendo a entrada principal no reduto. No século XV, a instalação definitiva da Ordem em Palmela motivou grandes obras, em particular no sector ocidental, onde se construíram a Igreja de Santiago e o convento. Este último espaço, foi transformado, na década de 70 do século XX, em pousada e mais recentemente, ao abrigo do projecto de animação e dinamização do castelo de Palmela, iniciaram-se as escavações arqueológicas e transformaram-se alguns espaços em salas museológicas e áreas de serviço e de comércio.

Texto: PAF / IPPAR

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