O Castelo de Cera localizou-se na freguesia de Alviobeira, Concelho de Tomar, Distrito de Santarém, em Portugal.
Confundido com o Castelo de Tomar, na realidade precedeu-o, tendo os Templários abandonado o seu local por um mais estratégico em Tomar.
História
Antecedentes
A primitiva ocupação humana da região de Tomar remonta a mais de trinta mil anos, conforme os testemunhos arqueológicos. Em tempos históricos, destacaram-se as povoações de Nabância, fundada pelos Túrdulos desde 480 a.C., e de Sellium, fundada pelos Romanos à época do imperador Augusto, no século I. A região foi sucessivamente ocupada pelos Visigodos e pelos Muçulmanos.
O castelo medieval
À época das Cruzadas, foram fundados em Jerusalém duas grandes ordens militares, visando a defesa dos interesses e proteção dos peregrinos cristãos na Terra Santa: a Ordem dos Hospitalários (1113) e a Ordem dos Templários (1118).
Em 1127, um dos cavaleiros Templários visitou a península Ibérica com o objectivo de recrutar membros e de levantar apoio financeiro. Atendendo a esse apelo, a Regente de Portugal, D. Teresa de Leão, fez a doação, aos cavaleiros da Ordem, de Fonte Arcada, a que juntaria, em 1128, o Castelo de Soure e seus domínios, em troca da colaboração dos Templários na conquista de território aos Mouros. Posteriormente, em 1145, sendo Mestre da Ordem em Portugal, Hugo Martins (Hugues Martins), o nobre Fernão Mendes, cunhado de D. Afonso Henriques doou à Ordem o Castelo de Longroiva.
Nos idos de 1144, uma ofensiva Muçulmana conquistou e destruiu o Castelo de Soure. Os Templários que conseguiram escapar, reuniram-se, na Primavera de 1147, às forças de D. Afonso Henriques (1112-1185) que se preparavam para a conquista de Santarém. Como recompensa pelo auxílio nesta campanha, receberam do soberano os rendimentos eclesiásticos da terra conquistada; mas meses depois, integrada também Lisboa na posse cristã, o sacerdote inglês Gilberto, primeiro bispo da restaurada diocese lisbonense, contestou a validade daquela doação, travando-se demorado litígio, que só terminou mais de dez anos depois, quando o próprio D. Afonso Henriques harmonizou os desavindos, cedendo àquele prelado o benefício que disputava e doando aos Templários, na pessoa do seu Mestre no reino, então D. Gualdim Pais, o Castelo de Cera (Castrum Caesaris) (hoje Ceras) com seu vasto termo, junto à actual ribeira de Ceras, a cerca de duas léguas a Nor-Nordeste do lugar de Alviobeira.
O termo régio de concórdia, lavrado em Fevereiro de 1159, definiu o âmbito das terras doadas, limitadas por uma linha imaginária que, partindo do rio Zêzere para Leste-Oeste, na direcção de Murta, a cerca de seis quilómetros ao norte de Ceras, prosseguia para Freixianda e, daqui para o Sul e Sul-Sudoeste alcançava inicialmente um vau no médio curso do rio Nabão (então denominado como rio Tomar), que permitia a passagem daquele trecho do rio na antiga estrada romana, que se estendia de Santarém a Coimbra ("et inde venit ad portum de Thomar qui est in strata de Colimbria ad Santarém") e, posteriormente, outro vau, agora na ribeira de Ourém ("et inde per portum de Ourens"). Costeando o termo de Leiria, a linha seguia para o ribeiro de Bezelga e, voltando-se a Sudeste e a Leste acompanhava aquele curso de água, afluente do rio Nabão, o próprio Nabão até à sua confluência com o rio Zêzere ("et inde per lombum de Santarém... ad Bezelga et descendit ad Thomar et inde in Ozezar") e do Zêzere para o Norte de volta ao ponto de partida.
O Castelo de Tomar
Era imperativa a operação de uma fortificação na região, destinada a complementar a linha defensiva do acesso por Santarém à então capital, Coimbra. Ao fim de um ano no Castelo de Cera, que se encontrava arruinado, Gualdim Pais decidiu-se pela construção de um novo castelo, em local mais adequado.
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