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quinta-feira, 1 de janeiro de 2009

Castelo de Marialva (Ruínas) – Mêda - Guarda

Castelo Marialva - Foto Tiago Almeida 

Apesar de hoje praticamente abandonada, a vila de Marialva conheceu um período de franco apogeu nos séculos XII e XIII. Situado na linha de fronteira anterior ao tratado de Alcanices (1297), a povoação constitui uma das mais singulares ruínas de estruturas militares medievais portuguesas, mantendo a sua fisionomia praticamente intacta, quer na fortaleza, quer na povoação que se desenvolveu em seu redor.

A história do castelo parece remontar ao século XI, altura em que o local era denominado por Castro de São Justo e foi conquistado por D. Fernando, o Magno, na sua emblemática conquista das Beiras. No século XII, ou talvez um pouco antes, a integração na coroa portuguesa terá determinado a mudança toponímica, mas não existem, para já, conclusões objectivas sobre este facto.

O castelo dominante, no alto de um íngreme penhasco, é o monumento mais importante do conjunto urbano, tutelando, ainda hoje, a paisagem. Nas suas pequenas dimensões, ele "reúne as principais características do castelo românico", na medida em que possui uma torre de menagem isolada, no centro de um pátio relativamente reduzido, e entrada principal pelo lado poente. Por estes dados, a fortaleza datará, com grande probabilidade do século XII, ou já da viragem para o século XIII, quando D. Sancho I promoveu parte importante do povoamento da região.

Castelo românico, pequeno, inacessível, à sua sombra nasceu uma povoação medieval de grande importância no contexto regional. Em 1286, D. Dinis estabeleceu em Marialva uma das muitas feiras criadas no seu reinado, cujas medidas da vara, do côvado e do palmo estão ainda inscritas nos pés-direitos da Porta do Anjo (virada a Sudeste), a principal entrada na vila muralhada. Deverá datar deste período a configuração oval das muralhas que circundam a vila, protótipo do perímetro citadino gótico das vilas fortificadas nacionais da Baixa Idade Média. Apesar de muito arruinadas, mantêm o seu traçado original e é ainda possível distinguir as três portas originais (do Anjo, a SE.; do Monte, a N. e de Santa Maria a E.), o postigo (virado a S.) e três das muitas torres que, certamente, a defendiam (do Relógio, a O., de planta rectangular e com três pisos; do Monte e da Relação, ambas a N.).

Dentro do perímetro urbano, as ruas são irregulares e o espaço intra-muralhas apresenta, na actualidade, numerosos espaços vazios que, com certeza, na origem estariam ocupados por habitações. Em todo o caso, e para além de algumas casas de ascendência medieval, o conjunto integra o largo principal, imediatamente abaixo da cidadela do castelo, onde permanece o pelourinho e a Casa da Câmara, símbolos da ancestral autonomia concelhia de que a localidade desfrutou.

Em 1440, a alcaidaria da vila passou a Condado, ligado à família Coutinho, consumando-se, desta forma, uma progressiva história de desenvolvimento de Marialva. Infelizmente, os séculos seguintes haveriam de ditar a sua decadência. Agraciada com novo foral por D. Manuel e, provavelmente, sujeita a reformas por iniciativa do infante D. Fernando, irmão de D. João III, e alcaide-mor de Marialva, a velha fortaleza perdia importância e a localidade era abandonada, à medida que as novas exigências da guerra passavam ao lado de um castelo obsoleto. Pelos meados do século XVII, a fortificação foi ainda utilizada, em plena guerra peninsular, mas um século depois estava já irremediavelmente abandonada e a vila reduzida a oito vizinhos.

No século XX, quando se deu a grande vaga restauracionista no país, Marialva era pouco mais que uma ruína. Nos anos 40 procedeu-se à reconstrução quase integral da torre de menagem, bem como de numerosos troços de muralha que ameaçavam desaparecer. Na actualidade, Marialva é uma das Aldeias Históricas da Beira, facto que permitiu o restauro de grande parte da vila e um primeiro desenvolvimento turístico.

 

Texto: PAF / IPPAR

 

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