"As origens de Monção são obscuras. Tudo sugere que seria uma terra reguenga, sem grande importância, no dealbar da nossa nacionalidade". Esta perspectiva, consensual entre a maioria dos investigadores que se dedicaram a este conjunto fortificado, mantém-se como hipótese mais provável e é reforçada pela inexistência de referências concretas à futura vila na estratégia política de D. Afonso Henriques para o Alto Minho, cujos documentos incidem sobre os castelos de Pena da Rainha, Froião, Valadares e Melgaço.
"Monção afirma-se depois", muito provavelmente a partir do reinado de D. Sancho I. Por esta altura, o primitivo reduto de povoamento aqui existente foi fortificado, hipótese até ao momento não provada materialmente, mas que encontra paralelos em outros castelos de todo o país, correspondendo a uma consolidação dos efectivos populacionais do reino. De maior certeza foram as acções de D. Afonso III e de D. Dinis. Em 1258, nas Inquirições ordenadas pelo primeiro, Monção aparece já como vila, facto que levou alguns autores a sugerirem que a fundação da localidade tenha sucedido nesta altura. Três anos depois, foi-lhe concedido foral e, nos primeiros anos do século XIV, recebeu carta de feira e iniciou-se a construção da igreja matriz.
O castelo medieval não poderá estar dissociado desta intensa actividade ordenadora dos homens e dos espaços na fronteira noroeste, embora a referência aos "miles de Monçom", em 1261, prove que a localidade era já fortificada nos meados do século XIII. A tipologia do castelo, porém, é indiscutivelmente gótica, com o seu perfil ovalado (aqui levado ao limite, desenhando uma circunferência), a torre de menagem associada a uma das portas e o carácter ortogonal dos seus arruamentos. A própria memória colectiva, recolhida por Rui de Pina nos inícios do século XVI, atribuía a D. Dinis o patrocínio na construção (ou reforma integral) da fortaleza.
Com apenas duas portas (a principal, defendida pela torre, dava para o extenso terreiro onde se realizava a feira; a outra, mais pequena, levava à zona ribeirinha), a malha urbana interna era atravessada pela rua direita, que colocava em comunicação as duas entradas e a igreja matriz. Por sua vez, outros arruamentos cruzavam a rua principal, definindo-se, assim, uma tendência urbanística ortogonal, que permitia uma mais racional disposição das casas, modelo ensaiado em outras póvoas ribeirinhas, como Caminha.
No final da Idade Média, a muralha dionisina necessitava de uma actualização face aos sempre exigentes desenvolvimentos da arte da guerra. No século XV, em altura ainda desconhecida, mas que pode corresponder aos melhoramentos ordenados por D. João I, construiu-se uma couraça a envolver a antiga fortaleza, uma estrutura de "muros paralelos" que defendiam os acessos privilegiados ao núcleo intra-muralhas.
A grande reforma militar de Monção teve lugar no século XVII, no contexto das Guerras da Restauração. As obras iniciaram-se em 1656, sob projecto de Miguel de l'Escole e condução do mestre João Alves do Rego, mas não foram suficientes para conter o ataque espanhol de 1659. A praça de guerra então delineada reintegrou e reformulou parcialmente as velhas muralhas medievais (em particular na frente ribeirinha), mas foi um projecto de raiz que visou rodear a moderna vila de Monção que, há muito, havia transposto o núcleo medieval. Com nove baluartes, a maior parte dos quais em cunha, e cinco portas (de que se destaca a de Salvaterra, que contém as armas nacionais), o novo perímetro muralhado continha amplos espaços não edificados, o que permitia uma maior mobilidade e racionalidade na movimentação e disposição das tropas, ao mesmo tempo que instituía uma nova centralidade interna, marcada pelo rossio, largo onde, nos anos seguintes se construiu o pelourinho e a igreja da Misericórdia.
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