O Castelo, a mais antiga fortaleza de Sesimbra, está implantado no topo de um morro a norte da Vila, dominando toda a baía. Esta notável obra militar dos Sarracenos, não disponibilizou até hoje nenhum artefacto que a permitisse datar a época da se sua edificação, só foram encontrados, neste morro alguns materiais pré-históricos e proto-históricos indicando a existência de ocupação anterior do mesmo.
Foi conquistado aos Mouros em 21 de Fevereiro de 1165, por D. Afonso Henriques e abandonado em Junho de 1189, devido á investida do Califado Almoada do Mirambolim Iacube então rei de Sevilha, que reconquistou Alcácer do Sal e prosseguindo até Sesimbra atacou o Castelo destruindo toda a sua estrutura defensiva até aos alicerces. Só em 1200 foi possível ocorrer a tomada definitiva de Sesimbra, no reinado de D. Sancho I, com a ajuda militar dos Cruzados Francos. O Monarca ordenou então a reconstrução desta praça forte, tendo-se destacado os amigos de D. Guilherme de Flandres, que se ofereceram para povoar e defender esta importante zona do litoral.
O novo Castelo delimitado pela antiga Alcáçova foi construído de acordo com as recentes técnicas militares do Gótico, tendo por ex-libris a torre de menagem ligada á muralha que passou a envolver a vila de então, tendo D. Sancho I atribuído o 1º Foral de Sesimbra em Agosto de 1201, confirmado em 1218 por D. Afonso II.
Em 1236, D. Sancho II, como forma de recompensa à Ordem de Santiago, pelos serviços prestados nas querelas da reconquista do território, fez doação da Vila e do Castelo à Ordem de Santiago .
No reinado de D. Dinis em 1323, este ordena novas obras de restauro, erguendo também o torreão a poente e conferindo á vila vários privilégios e demarcando-lhes largos limites concelhios. Mais tarde já no reinado de D. Fernando, a fortificação sofre de novo danos terríveis, provocados pela armada Castelhana fundeada no Tejo, fazendo o cerco a Lisboa e pilhando e destruindo os arredores. No relatório da "visitação" efectuada em 1516 por D. Jorge, Mestre da Ordem de Santiago, é notório o estado de degradação do Castelo, o que levou a nova intervenção para restauro do mesmo em 1570.
Entre 1640/48 no período da Restauração, D. João IV incumbiu o eng. real João de Cosmander de reconstruir o Castelo, tendo este acrescentado revelins em locais estratégicos. Posteriormente em 1721 efectua-se o restauro da Igreja de Santa Maria do Castelo, que fora edificada por D. Afonso Henriques.
O terrível Terramoto de 1755, arrasa Lisboa e arredores e o velho castelo quase sucumbe á sua fúria devastadora, tendo ficado com danos que o tempo se encarregou de os tornar quase irrecuperáveis. Em 1934/44 a Direcção Geral de Edifícios e Monumentos Nacionais efectua as obras de restauro e recuperação do monumento dando-lhe a feição que actualmente conhecemos.
Dessas obras destacamos:
DGEMN: 1933 / 1945 - apeamento e reconstrução de extensos panos de muralha, adarves e merlões; reconstrução da torre do ângulo NO. e das torres que flanqueiam as portas do castelo; demolição de paredes no interior do castelo e rebaixamento do pavimento da praça de armas; desobstrução da cisterna da alcáçova; rebaixamento do terreno exterior ao castelo, junto à porta principal; reintegração das portas; reconstrução dos baluartes triangulares; reconstrução das condutas de águas pluviais para as cisternas do castelo; 1983 - reconstrução da escada de acesso ao adarve, com sapatas em betão ciclópico; apeamento e reconstrução de merlões.
Em 1998 é a vez da Câmara municipal de Sesimbra intervir por forma a alindar e aumentar o clima de segurança do Castelo.
Dessas obras destacamos:
Câmara Municipal de Sesimbra: 1998 - colocação de gradeamentos, portas de madeira em todos os vãos de acesso ao interior do Castelo; recuperação das casas de apoio (ao lado da Igreja).
- Descrição : Planta irregular, alongada no sentido NE. / SO.
No topo N. a Alcáçova de planta poligonal, reforçada por 2 torres rectangulares, a do N. de maiores dimensões, a torre de menagem porta de acesso entre 2 cubelos quadrangulares; no topo S. uma torre vigia de planta rectangular. O pano da muralha, vertical, rematado por merlões quadrangulares, rasgados por seteiras, com adarve envolvente, é reforçada do lado N. por um cubelo semicircular; 4 baluartes triangulares de forte jorramento encostam-se ao pano da muralha, 2 a N.; 2 a S.; 2 portas rasgam o circuito, uma a NE., a Porta do Sol, entre cubelos prismáticos, com vestígios de uma barbacã defensiva, outra a NO., a Porta da Azóia, rasgada a seguir a uma reentrância da muralha e reforçada por cubelo prismático, antecedida por barbacã com porta em arco redondo. A torre de menagem da Alcáçova e a torre vigia têm 2 pisos, sendo o 1º em abóbada de cruzaria de ogivas sobre colunas com capitéis fitomórficos (torre de menagem) e em madeira (torre vigia). No interior da Alcáçova uma cisterna, outras duas dentro do recinto no qual se localiza a Igreja de Santa Maria.
Bibliografia : O Castelo de Sesimbra, Boletim da Direcção-Geral dos Edifícios e Monumentos Nacionais, nº 34 / 35, Lisboa, 1943 - 1944; MOREIRA, Cor. Bastos, O Castelo de Sesimbra, Jornal do Exército, Outubro, 1966; CALLIXTO, Carlos, As fortificações marítimas da praça de Sesimbra, O Dia, 17 Agosto 1979; SERRÃO, Eduardo da Cunha e SERRÃO, Vítor, Sesimbra Monumental e Artística, Sesimbra, 1986; MECO, José, O azulejo em Portugal, Lisboa, 1987.
Transcrição da página da - DIRECÇÃO GERAL DOS EDIFÍCIOS E MONUMENTOS NACIONAIS
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